quinta-feira, 3 de março de 2011

alma

"Alma vem do vocábulo latino 'anima'; o masculino ânimo é o 'animus' (vento, sopro).
A ideia mais primitiva de Alma prende-se com a vida e com o seu princípio: animado ou animal é aquele corpo que se move, respira, tem alento, tem sangue... Enquanto 'anima' significa em geral o princípio da vida, o 'animus' designa em geral o princípio do pensamento, o espírito, o dinamismo do ente animado, a coragem. Os Gregos usam a 'respiração' para significar 'anima' e o 'sangue' para significar o 'animus'.
Simplificando muito podemos reduzir a dois os sentidos globais de Alma: 1) princípio da vida, do pensamento ou de ambos; 2) princípio de inspiração moral.
O primeiro sentido aparece sobretudo nos debates filosóficos e epistemológicos sobre o ser vivo; o segundo é mais usado nas linguagens pré-filosóficas. Enquanto na filosofia a Alma adquire duas valências fundamentais - uma metafísica (a Alma como forma do composto humano ou como espírito) e outra de carácter mais ético (a Alma como 'senhora do corpo') - numa acepção mais ampla ela vem a ser ou a 'sede do psiquismo' ou a 'sede da vida moral'.
A diferença entre 'respiração' (anima) e 'sangue' (animus) já se encontra em Homero: Sangue significa paixão, vontade, espírito e evoca o sangue quente; Respiração, por sua vez, significa vida e evoca o sopro fresco da respiração animal.
O Sangue é então o ânimo propriamente dito e a Respiração é aquilo que faz com que o corpo viva, a 'anima'.
Segundo Homero, a 'respiração' ou vida abandona o vivente no momento da morte. Depois da morte do ser vivo, a Alma é concebida como o 'duplo' do morto, uma espécie de fantasma a ele semelhante, ainda de natureza corpórea e com uma estrutura empírica. Em Homero, como aliás, na mentalidade primitiva, a Alma reveste o duplo significado de 'vida em geral' (no caso dos viventes) e de 'duplo' do defunto (no caso dos mortos). Segundo os primitivos, três notas caracterizam a Alma: 1) a Alma é sopro, alento, hálito (por analogia com o processo de respiração); 2) outras vezes é uma espécie de fogo (por analogia com o calor vital); 3) outras vezes é sombra (por analogia à alma dos fantasmas). Os significados 1 e 2 apresentam-nos a Alma como princípio de vida, enquanto o 3 se refere mais à sobrevivência após a morte.
A ideia de Alma vai-se precisando e mesmo purificando à medida que os vários termos usados para se lhe referir pretendem descrever mais o 'duplo' (fantasma) próprio de cada um dos homens do que um indiferenciado princípio vital."


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