pedro paixão
' não sei se foste tu que me encontraste ou eu que te encontrei a ti. não sei se isso pode alterar o que quer que seja. as relações entre as pessoas são labirintos onde é mais fácil entrar do que sair. uma parte é um jogo. um jogo muito sério. pode ser perigoso. é sempre perigoso. se não o fosse não valeria a pena. o perigo de nos perdermos: amar e deixar de amar. um jogo que não dominamos, cujas regras não conhecemos de antemão e, por vezes, se vão revelando tarde demais. jogos sem saída, como becos. é aqui que sou perita. jogos que ficam por acabar. há também papéis a desempenhar, como no teatro, e não são sempre os mesmos para cada um dos protagonistas. um faz de ladrão, o outro de fugitivo. um faz de cicerone, o outro de estrangeiro que visita pela primeira vez a cidade. um faz de malandro, o outro de inocente. um quer seduzir a qualquer preço, o outro quer ser seduzido a qualquer custo. o que me parece decisivo neste jogo de animais inteligentes é não se poder conhecer previamente o desfecho. é isso que faz prolongar e crescer a intensidade, a dúvida, a insuperável dúvida. as certezas são menos interessantes. pelo menos no jogo do amor, ou se calhar em tudo. '
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