domingo, 7 de setembro de 2014

Pedro Paixão - Amor portátil;

Assusto-me a pensar que as noites são todas iguais e que vou ter de as atravessar, uma a uma, sozinho. Estranho só agora reparar numa coisa tão óbvia. Que uma noite antiquíssima se sucede igualzinha à outra desde sempre, que tenho diante de mim uma enorme massa uniforme e vazia onde tudo desaparece, em que nem sei quem sou, inconsciente.

É um tormento em que nos atormentamos.

Agarramo-nos a coisas que se nos escapam por entre os dedos.

Tivemos de nos zangar para não termos de nos despedir.

Servi-me de ti como quem bebe xarope pela garrafa.

Sem comentários:

Enviar um comentário