Assusto-me a pensar que as noites são todas iguais e que vou ter de as atravessar, uma a uma, sozinho. Estranho só agora reparar numa coisa tão óbvia. Que uma noite antiquíssima se sucede igualzinha à outra desde sempre, que tenho diante de mim uma enorme massa uniforme e vazia onde tudo desaparece, em que nem sei quem sou, inconsciente.
É um tormento em que nos atormentamos.
Agarramo-nos a coisas que se nos escapam por entre os dedos.
Tivemos de nos zangar para não termos de nos despedir.
Servi-me de ti como quem bebe xarope pela garrafa.
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